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Pirataria de transmissões esportivas na Espanha ultrapassa média europeia em 25%

Dados apresentados em um novo relatório do EUIPO, sobre a violação de ativos de propriedade intelectual na Europa entre 2017 e 2023, mostram a preocupante realidade do consumo ilegal de conteúdo.

Redação EF
Por: Redação EF
29/11/2024 às 20h30
 Pirataria de transmissões esportivas na Espanha ultrapassa média europeia em 25%
Foto: Divulgação

A fraude audiovisual é um crime que gera perdas consideráveis para competições esportivas em todo o mundo. No caso do futebol espanhol, essas perdas são estimadas entre €600 milhões e €700 milhões. O setor, que emprega mais de 190 mil pessoas e contribui com aproximadamente €8,4 bilhões para a economia do país — o equivalente a 1,44% do PIB da Espanha —, é extremamente impactado.

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Um relatório recente do Escritório da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO) analisou a evolução da fraude audiovisual em diversos setores entre 2017 e 2023. O estudo revelou que a pirataria de eventos esportivos na Europa cresceu 36,5% entre 2021 e 2023. Na Espanha, o acesso médio mensal por usuário a conteúdos esportivos pirateados é 25% superior à média da União Europeia.

Apesar disso, o relatório não oferece dados detalhados sobre a real abrangência do uso de IPTV para transmitir eventos esportivos ao vivo, uma ferramenta amplamente utilizada por piratas. Ainda assim, as estimativas indicam que existem pelo menos 4,5 milhões de usuários na Europa, um número que o EUIPO considera altamente relevante.

A Espanha se destaca como um dos países com as maiores taxas de pirataria esportiva na região. Estimativas da consultoria especializada YouGov, em maio de 2024, indicam que um em cada três espanhóis consome conteúdo pirateado. Já os dados da Ampere, referentes ao quarto trimestre de 2023, revelam que 59% dos espanhóis acessam conteúdos pirateados pelo menos uma vez por mês. Além disso, outro relatório da Grant Thornton aponta que, apenas no primeiro semestre de 2024, foram registradas 5,3 milhões de transmissões ao vivo pirateadas na Europa.

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Javier Tebas, presidente da LALIGA, afirmou: “A pirataria é um problema grave contra o qual as medidas necessárias não estão sendo tomadas. Apesar do árduo trabalho realizado pelas ligas e emissoras, ainda há muita proteção de grandes empresas como Google, X ou Cloudflare, que lucram com isso. Não podemos mascarar a realidade: isso nos afeta e impacta centenas de milhares de pessoas. Temos que enfrentá-lo e combatê-lo.”

A gravidade do impacto da fraude audiovisual tem levado emissoras e detentores de direitos a unirem esforços em ações coordenadas para combater essa prática. Um exemplo recente foi uma operação contra usuários de IPTV na Europa, que alcançou 22 milhões de usuários, com perdas estimadas em €3 bilhões por ano. Na França, a LFP destacou que 55% dos espectadores do recente jogo entre Olympique de Marseille e PSG assistiram à partida por meio de canais ilegais.

Já na Espanha, em 16 de novembro, a Guardia Civil bloqueou e desativou todos os canais da maior plataforma de streaming pirata do país, conhecida como Cristal Azul. Mais de 78 mil usuários acessavam ilegalmente partidas da LALIGA, gerando um prejuízo superior a €42 milhões.

O crescimento e a amplitude dessa atividade ilegal são alarmantes, não apenas pelo impacto direto na indústria esportiva, mas também porque os recursos gerados pela fraude audiovisual podem financiar outras práticas criminosas.

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Em julho de 2024, a LALIGA anunciou que superou a marca de 1.000 condenações contra estabelecimentos HORECA envolvidos em fraudes audiovisuais. Além disso, entre a temporada 2022/23 e o início da temporada 2024/25, mais de 8.000 grupos no Telegram, somando mais de 45 milhões de usuários, foram desativados.

Um problema global

A fraude audiovisual figura entre as indústrias ilegais mais lucrativas do mundo, ultrapassando até mesmo o tráfico de drogas em escala global. Estima-se que o impacto financeiro dessa prática atinja €10,5 bilhões até 2025, impulsionado pela rápida evolução dos métodos utilizados pelos piratas e pelos novos recursos tecnológicos empregados.

Com esse cenário em foco, ocorre nesta semana, em Buenos Aires, a primeira conferência contra a fraude audiovisual na América Latina, organizada pela LALIGA. O evento discute o impacto global desse problema, que se mostra ainda mais presente na América Latina. No México, por exemplo, o número de usuários que recorrem à pirataria pelo menos uma vez por mês é até 28% superior à registrada na Espanha.

O encontro reúne palestrantes de destaque do universo esportivo e do setor audiovisual, contando com representantes de grandes organizações como LigaPro, LFP Media, ESPN, Aliança Anti-Pirataria Audiovisual, UEFA e LALIGA, além de políticos de países como Argentina e Brasil.

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