Mesmo com um a menos desde o primeiro minuto de bola rolando, o Botafogo venceu o Atlético-MG por 3 a 1 neste sábado (30), no estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, e se sagrou campeão da Copa Libertadores pela primeira vez. A Glória Eterna pertence ao Glorioso. Uma reparação histórica e a afirmação de um time que, sem dúvidas, vem executando o melhor futebol do Brasil e da América do Sul nesta temporada.
Muito se falou do emocional do Botafogo, se o time conseguiria se provar em momentos decisivos após o apagão do Brasileirão da temporada passada. Mas esta equipe é diferente. Este Botafogo é, sim, cascudo. E não tem apenas cara. É um time campeão.
Depois de abrir vantagem na etapa inicial, com gols de Luiz Henrique e Alex Telles, de pênalti, a equipe foi golpeada com um rápido gol de Vargas para o Atlético-MG no segundo tempo, e se segurou bravamente, suportando uma pressão terrível para ser campeão. No fim, Júnior Santos, tinha que ser ele, cravou a adaga.
Expulsão recorde e uma recuperação memorável
Um primeiro tempo de contornos épicos no Monumental de Núñez. O roteiro reservou ao Botafogo drama. Uma incrível expulsão com menos de um minuto de bola rolando, a mais rápida em uma final de Libertadores em toda a história. Gregore desferiu uma verdadeira pezada no rosto de Fausto Vera. Um lance tão imprudente que abriu um corte na face do adversário atleticano. O árbitro argentino Facundo Tello não teve dúvidas, tirando o vermelho do bolso e expulsando o principal volante de marcação do clube carioca.
O cenário, ao que tudo indicava, pendia ao Atlético-MG. Com um a mais, o time passou a ter o controle da posse de bola, enquanto o Botafogo se segurava na defesa, fazendo um jogo de sacrifício. O técnico Artur Jorge decidiu não fazer alterações na equipe, apostando nos atletas que estavam em campo. Hulk era o principal nome ofensivo do clube alvinegro, arriscando dois chutes que obrigaram John a fazer boas intervenções.
A estratégia de Artur Jorge acabou se mostrando mais sensata, tendo em vista as dificuldades notórias do Galo em concatenar suas jogadas de ataque. Quando o Botafogo começou a se ajustar dentro da ausência de um atleta, o domínio do time carioca foi total. Aos 34 minutos, Almada fez grande jogada e tocou para a finalização de Marlon Freitas. Junior Alonso desviou o arremate e a bola sobrou para Luiz Henrique finalizar, vencendo Everson e abrindo o placar. O quarto tento do camisa 7 na atual edição da Libertadores.
Luiz Henrique apareceria novamente de forma decisiva no jogo. Cinco minutos depois de ter ido às redes, o atacante do Botafogo aproveitou-se da falha de marcação de Arana e a indecisão de Everson. Dentro da área, ele acabou derrubado pelo arqueiro atleticano. Inicialmente, o lance prosseguiu. Mas o VAR foi acionado e Tello assinalou pênalti. Alex Telles foi para a cobrança e não titubeou, mandando no canto esquerdo de Everson e fazendo o segundo do Botafogo no confronto.
Ataque contra defesa
O Atlético-MG estava com o emocional abalado, caminhando para o vestiário atrás no placar e com dois zagueiros amarelados. Mas o técnico Gabriel Milito decidiu voltar para a etapa final com uma nova postura e alterações. Mariano, Bernard e Vargas foram para o jogo, com o Galo se lançando com quatro atacantes.
As mudanças surtiram efeito imediato e Vargas, com um minuto da etapa final, apareceu como o personagem improvável desta final ao testar firme, após cobrança de escanteio de Huk. O momento passou a ser todo do Galo, que inclusive poderia ter tido um pênalti assinalado ao seu favor aos oito minutos, quando Marlon Freitas acertou Deyverson dentro da área. O VAR, todavia, entendeu que não foi nada e o jogo prosseguiu.
Artur Jorge tentou consertar os buracos de marcação com as entradas de Marçal e Danilo Barbosa, mas o Galo continuou de forma avassaladora em cima do oponente, transformando a partida em um verdadeiro ataque contra defesa. Mariano fez um jogaço, sendo o destaque da etapa final, enquanto Vargas teve duas oportunidades incríveis para ir às redes, desperdiçando ambas, cara a cara com John.
A consagração
Mas era o dia do Botafogo. 30 de novembro de 2024. Já estava escrito. Júnior Santos, o artilheiro da Libertadores, fez o terceiro nos acréscimos e determinou o resultado. A estrela solitária brilhou em toda América. Chegou o dia, torcedor.