Aos 13 anos, a tenista curitibana Flávia Cherobim escreveu o seu nome na história do esporte brasileiro ao conquistar a Copa Cosat e se classificar para o Wimbledon Sub-14, que será disputado entre os dias 6 e 14 de julho, na segunda semana do tradicional Grand Slam britânico. Será a primeira vez que uma atleta brasileira disputará o torneio juvenil de Wimbledon, que integra o principal e mais antigo torneio de tênis do mundo.
Para conseguir tal feito, Flávia ganhou a Copa Cosat, realizada em Bragança Paulista (SP), derrotando a colombiana Laura Villamil por 7-6 (4), 1-6 e 7-5 na final. A competição reuniu as 32 melhores atletas do continente na categoria 14 anos e é o único torneio oficial disputado em quadras de grama na América do Sul.
Em 2023, Flávia foi bolsista do Programa Geração Olímpica e Paralímpica, do Governo do Estado. O principal objetivo da ação é fomentar o esporte olímpico e paralímpico no Paraná com bolsas de auxílio. O recurso financeiro garante que atletas e técnicos possam se dedicar ao esporte sem precisarem deixar o Estado. Auxílio que ela busca ter de volta em 2025. “O apoio do Governo do Paraná ajuda muito para poder viajar. Gosto muito de poder representar o Estado, por isso o apoio é importante”, celebra Flávia.
“O programa Geração Olímpica e Palímpica, do qual a Flávia participou em 2023, foi muito importante pela questão financeira, apoio preponderante para apoiar no desenvolvimento do nosso projeto e também um reconhecimento para ela perceber que seu esforço, dedicação e disciplina foi reconhecido. Estamos ansiosos para inscrevê-la novamente e voltar a participar em 2025”, projeta Versione Souza, pai de Flávia.
A tenista, que treina desde os 6 anos, é hoje a quarta colocada no ranking sul-americano Cosat, na categoria feminina até 14 anos. Em 2024, impressionou ao se tornar a tenista sul-americana mais jovem a pontuar no circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF) até 18 anos. A quebra de recorde veio após a atleta completar 13 anos, que é a idade mínima permitida para pontuar em competições juvenis. Foram necessários apenas 31 dias para Flávia pontuar, após competir no J30 Montevidéu CTM BOWN, no Uruguai.
A atleta costuma treinar apenas em quadras de saibro, que tem superfície de terra batida, geralmente coberta por uma camada de pó de tijolo ou telha, que a torna mais lenta e proporciona maior aderência à bola. Para a Copa Cosat, Flávia precisou de dois meses de treinos em grama sintética antes do torneio. “A quadra é bem mais rápida, e a bola não quica muito. No início parecia que eu estava esquiando no gelo”, explica.
A competição Sub-14 de Wimbledon, em Londres, também é com grama natural. Para se preparar para o torneio, a tenista viaja no dia 24 de maio rumo a Cannes, na França, e vai treinar durante 40 dias no Elite Tennis Center, academia que formou atletas como Daniil Medvedev e Mirra Andreeva.
Com exceção dos domingos, a atleta inicia o treino físico das 9h às 10h. Depois, treina na quadra das 10h às 11h30. Após descanso e almoço, ela retorna à quadra às 14h e vai até às 15h, com treino físico novamente das 15h30 às 16h. No sábado ela treina apenas meio período. Além dos treinos, ela ainda conta com o acompanhamento de um fisioterapeuta e um psicólogo. “Eu comecei a estudar online porque eu não estava conseguindo muito bem conciliar e aí eu criei uma rotina de estudos para tentar estudar nos intervalos de treino e de noite”, relata.
Mesmo com apenas 13 anos, Flávia já demonstra maturidade ao planejar seus próximos passos no circuito juvenil. Segundo ela, a participação em Wimbledon faz parte de um projeto de longo prazo, voltado para o tênis internacional. “Quando eu jogar torneios no Brasil, vou continuar disputando contra meninas mais velhas, porque o nível é parecido. Mas quando for para a Europa, vou tentar jogar os torneios da minha idade”, explica a tenista, que já acumula experiências internacionais em sua curta trajetória.
APOIO À NOVA GERAÇÃO DO ESPORTE – Na última edição, em 2024, o programa Geração Olímpica destinou R$ 5,2 milhões a 1.165 atletas e técnicos, com bolsas entre R$ 250 e R$ 2 mil por mês, dependendo da categoria. Um novo decreto permite que o programa seja ampliado com recursos de outras fontes, como o Fundo Estadual do Esporte.
O resultado nas arenas esportivas brasileiras e internacionais confirmam o impacto do programa para a evolução do esporte. Os atletas apoiados pelo programa conquistaram 10 medalhas de ouro, 6 de prata e 3 de bronze nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago, em 2023. No Parapan foram 23 medalhas, sendo 4 de ouro, 9 de prata e 10 de bronze.
Nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, o Paraná contou com 63 atletas e técnicos, a maior quantidade de bolsistas na história do programa. Do total, 42 contaram com bolsas do Geração Olímpica e Paralímpica. A ginasta curitibana Júlia Soares foi o grande destaque, levando a medalha de bronze na prova por equipes, com mais outras dez medalhas paralímpicas de atletas do programa.
Desde que foi criado, há 12 anos, o Geração Olímpica e Paralímpica soma mais de 15 mil bolsas ofertadas, com investimentos de R$ 50 milhões. Foram atendidos 8,2 mil atletas e técnicos.